quarta-feira, 28 de agosto de 2019

Igrejas Católicas Orientais: 01 - ORIGEM E DESENVOLVIMENTO DA IGREJA

Ocidente e Oriente juntos, eis A IGREJA CATÓLICA

A IGREJA CATÓLICA, como vimos, é uma comunhão de 24 igrejas "sui juris", isto é, autônomas, que estão unidas entre si tal qual partes de um único e mesmo corpo. Essa comunhão resume-se a: comunhão de fé-doutrina e comunhão de hierarquia. Essas 24 igrejas, de certa forma, podem ser divididas em 1 ocidental (a maior de todas, composta de dioceses e seus bispos, embora todos chefiados diretamente pelo bispo de Roma - isto é, o Papa - e tão universalmente presente que se confunde como se apenas ela fosse a Igreja Católica) e 23 orientais, também com suas eparquias (dioceses) e bispos, estes chefiados por Patriarcas, Arcebispos-maiores ou Metropolitas.

A comunhão de Fé e Doutrina dessas igrejas está no fato de que todas são católicas por professarem a mesma fé nos mesmos dogmas (verdades de fé solenemente definidas e professadas pela Igreja), assim como por aceitarem os Concílios Ecumênicos ou Gerais (21 ao todo) e a fé-doutrina que neles foi definida.

A comunhão hierárquica reside no fato de que todas possuem hierarquia com sucessão apostólica, que se reconhecem mutuamente, com  hierarcas que atuam como pais, cabeças e chefes espirituais. Ainda assim,  esses hierarcas e essas igrejas também compreendem a necessidade desta mesma comunhão com a Igreja de Roma, mãe de todas as Igrejas, aceitando assim a primazia do Bispo de Roma como pastor supremo e universal de todos os católicos. Em suma, as Igrejas Católicas Orientais possuem história, rito, estrutura, disciplina, clero, organização e hierarquia próprias, no entanto também elas estão sob a cátedra do sucessor de São Pedro, o santo padre o Papa. A história de cada uma delas é rica em detalhes e particularidades que aos poucos veremos aqui em nossa página.



Outras tantas igrejas apostólicas poderiam fazer parte dessa comunhão de 24 igrejas que formam a Igreja Católica, o que aumentaria o número das igrejas em comunhão (por exemplo, diversas das igrejas chamadas Ortodoxas). Muitas professam a mesma fé-doutrina católica, no entanto têm como principal obstáculo apenas a aceitação do Papa de Roma como pastor e chefe universal de toda a Igreja de Cristo: algumas até aceitam uma primazia do sucessor de Pedro, o Papa de Roma, no entanto este primado seria apenas um "primado de honra", sendo o Papa uma espécie de líder espiritual cujos conselhos deveriam ser levados em consideração mais que o dos demais. No entanto, não aceitam o primado do Papa como de jurisdição, com autoridade de fato para legislar sobre todo o corpo e governar a Igreja inteira. É - principalmente - essa questão, ainda que não a única, que faz com que outras igrejas se coloquem fora da Igreja Católica, na condição de cismáticas.

Mas, como o que nos interessa é tratar apenas da Igreja Católica, começaremos por nos aprofundar naquele que é considerado o seu "pulmão oriental": as igrejas católicas orientais. Para que consigamos compreender a história dessas igrejas, há que retroceder aos tempos da igreja primitiva, período este em que o surgimento das igrejas que compunham a Igreja de Cristo (Católica) está intimamente relacionado à origem dos Ritos Apostólicos (como já vimos nos artigos aqui da página).

De uma forma bem resumida, podemos dizer que a Igreja foi fundada por Nosso Senhor Jesus Cristo sobre São Pedro e os Apóstolos, em Jerusalém. Essa fundação, iniciada pelas palavras de Nosso Senhor a São Pedro após sua confissão de fé ("Tu és Pedro e sobre esta Pedra edificarei a minha Igreja...") consolidou-se após a vinda do Espírito Santo sobre eles, reunidos com Maria Santíssima no Cenáculo em Jerusalém. Dali a comunidade cristã (Igreja de Jerusalém) ficou organizada sob o pastoreio do Apóstolo São Tiago, enquanto que os demais Apóstolos partiram para levar a Boa Nova a outras partes do mundo: São Pedro, por exemplo, antes de ir para para Roma, foi para Antioquia, tornando-se assim seu primeiro Bispo. Neste momento já havia, portanto, a Igreja de Jerusalém e a Igreja de Antioquia.
São Pedro e São Paulo
Glórias da Igreja de Roma

A Igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo foi se espalhando, já no primeiro e segundo séculos, por todas as regiões próximas ao seu local de origem: Oriente médio e próximo, Mediterrâneo, Ásia e norte da África. Essas comunidades cristãs, verdadeiras igrejas, professavam a mesma fé, eram organizadas hierarquicamente e reconheciam-se mutuamente. Já nos primeiros séculos questões doutrinárias eram debatidas em sínodos e Concílios, cujas decisões e resoluções deveriam ser aprovadas/reconhecidas por igrejas reconhecidamente Apostólicas, os centros de fé cuja fundação se havia dado pela pregação de algum Apóstolo (que consequentemente fora seu primeiro bispo), as chamadas Sés Apostólicas: Roma, Jerusalém, Antioquia e Alexandria. Posteriormente à transferência da capital do Império Romano para o Oriente, na antiga Bizâncio, pelo imperador Constantino em 330, deu origem à cidade de Constantinopla. Esta foi ganhando importância ao ponto de a Igreja ali presente reivindicar também para si a importância das demais sedes apostólicas, o que acabou acontecendo. Nascia assim aquilo que passou a ser chamado "A Pentarquia": Roma, Constantinopla, Alexandria, Antioquia e Jerusalém.

A chamada Pentarquia era a organização da Igreja nos primeiros séculos, onde as 5 principais sedes eram chamadas Patriarcados. Roma detinha a primazia por ter sido a sede do Apóstolo Pedro, o chefe dos Apóstolos, a cidade onde pregou e morreu São Paulo, além de ser a "capital do mundo" e sede do Império. Com o surgimento de dúvidas e/ou impasses concernentes à Fé, muitas vezes a solução era recorrer à Igreja de Roma como juíza e parâmetro da verdadeira Fé Apostólica. Após o surgimento de alguns desvios na reta doutrina (heresias) em algumas comunidades cristãs, Sínodos e Concílios, ou seja - A Igreja - estabeleciam a verdade, que algumas vezes acabava não sendo aceita por todos: algumas igrejas então foram separando-se d´A Igreja. Essas separações eram, de certa forma, não tão importantes, no sentido de que as igrejas que se apartavam acabaram por desaparecer com o tempo. A primeira separação de verdadeira relevância deu-se após o Concílio de Éfeso em 431.

Concílio de Calcedônia

Em 431, após as definições deste Concílio, algumas igrejas que apoiavam a heresia denominada "Nestorianismo" separaram-se do corpo da Igreja encabeçado pela igreja Romana. Essas igrejas subsistiram naquela que fora chamada posteriormente "Igreja Assíria do Oriente", igreja que existe até hoje (embora negue professar a antiga heresia Nestoriana). Posteriormente, no Concílio de Calcedônia (em 451) foi condenada a heresia do Monofisismo. Outras tantas igrejas que não aceitaram as definições Calcedonianas acabaram separando-se da Igreja encabeçada pela igreja de Roma. Nasciam aí as Igrejas Jacobita, Armênia e Copta. As Igrejas que mantiveram-se fieis aos Concílios (dentre elas a Igreja de Roma) formavam a Igreja Católica: unidas entre si e à Igreja Romana cujo chefe é o sucessor de São Pedro e mantendo a Fé ortodoxa, reconheciam-se como a única e verdadeira Igreja de Cristo, ou seja, a Igreja Católica.

A bênção dada - ao final de uma Divina Liturgia - por Bispo Siríaco (Jacobita), Bispo Copta e Bispo Armênio
Herdeiros do cisma monofisita, representam as 3 Igrejas Apostólicas que não aceitaram o Concílio de Calcedônia, embora nos tempos modernos suas Igrejas tenham se reaproximado, de certa forma, da Fé Católica (assinando declarações cristológicas conjuntas com a Igreja Católica sob o Papa João Paulo II)
Ainda assim, não têm plena Comunhão nem com a Igreja Católica, nem com a Igreja Ortodoxa

Com o transcorrer dos séculos, outras divisões ocorreram no Corpo da Igreja. Em 1054, ocorreu o Grande Cisma do Oriente, momento em que muitas das Igrejas Apostólicas que integravam a Igreja Católica separaram-se da Igreja de Roma e do Sumo Pontífice. Separaram-se, portanto, da Igreja Católica. Essas Igrejas, em cisma com a Igreja Católica mas em comunhão entre si, formando uma "comunhão paralela  de igrejas", passaram a denominar essa comunhão como a "Igreja Ortodoxa".

Séculos mais tarde houve a chamada "reforma protestante" cujo início "oficial" se deu com a excomunhão do padre agostiniano Martinho Lutero. Dela resultou o apartamento de milhares de cristãos ocidentais e surgimento de milhares de seitas que interminavelmente se multiplicam até os nossos dias. No entanto, diferente das separações que mencionamos nos parágrafos anteriores, em que verdadeiras igrejas se afastavam do Corpo da Igreja Católica tornando-se cismáticas, as ditas "igrejas" resultantes da "reforma protestante" não se enquadram nesta categoria, pelo simples fato de não serem igrejas no sentido próprio da palavra, apenas aglomerações de cristãos independentes (hereges autônomos), o que faz com que não mais dediquemos a falar sobre eles por não contribuir em nada ao tema deste artigo. 

O que deve nos ficar claro, como católicos, é que a Igreja de Cristo (Católica) é uma comunhão de igrejas que se reconhecem mutuamente e que aceitam a autoridade da Igreja de Roma e, mais especificamente, de seu bispo, o Santo Padre o Papa. Ao longo dos 2000 anos de existência da Igreja, muitas parcelas dela acabaram se separando e colocando-se em cisma. No entanto, outras tantas mantiveram-se fiéis, ou retornaram ao redil católico, regressando novamente à Barca de Pedro. Dentre elas podemos citar a Igreja Maronita como exemplo de igreja oriental que sempre esteve em comunhão com a Sé Apostólica de Roma, nunca tendo saído do corpo da Igreja Católica. Outras após séculos acabaram retornando a essa comunhão, como é o caso da Igreja Copta Católica, unida formalmente à Sé de Pedro em 1741. Há ainda aquelas que faziam parte de outra igreja "sui juri" mas que receberam autonomia recentemente, como é o caso da Igreja Católica Eritreia, que foi tornada igreja "sui juri" no atual pontificado, pelas mãos do Papa Francisco.

Em suma, agora que compreendemos (de uma forma beeemmm genérica) o desenvolvimento da Igreja Católica, podemos finalmente começar a apresentar, uma a uma, a histórica das Igrejas Católicas Orientais. É o que faremos nos próximos artigos.

Sua Santidade o Papa Bento XVI, com alguns Patriarcas e Arcebispos-maiores Católicos

domingo, 18 de agosto de 2019

Os Ritos da Igreja: 6 - O RITO ARMÊNIO



O RITO ARMÊNIO é um dos tradicionais Ritos da Igreja. Seu desenvolvimento se deu a partir da região do antigo reino da Armênia, que afirma ter sido também sua Igreja fundada por Apóstolos: São Bartolomeu e São Judas Tadeu teriam sido os primeiros a introduzir a Fé em Cristo no território armênio, tendo também organizado a primeira comunidade de cristãos daquele território, nascendo assim a Igreja da Armênia.

O antigo reino da Armênia (hoje país) está localizado no continente asiático, numa região montanhosa na Eurásia entre o mar Negro e o Mar Cáspio, no sul do Cáucaso. Faz fronteira com a Turquia a oeste, Geórgia a norte, Azerbaijão a leste e com o Irã ao sul.

A Liturgia armênia se destaca por sua beleza e solenidade. Originalmente, nos primeiros séculos da Igreja na Armênia, foi introduzido um rito do tipo siríaco, algo talvez da Liturgia de São Tiago que, como vimos, é de certa forma a Liturgia mãe de quase todos os ritos. Deste rito ainda se percebem alguns vestígios no atual Rito Armênio. Em seguida, sobreveio o influxo de algumas práticas litúrgicas provenientes de Cesareia da Capadócia, que era de Rito Antioqueno; dessa influência, derivaram mais tarde os ritos armênio e bizantino, o que explica porque a liturgia armênia é provavelmente a mais parecida com a liturgia bizantina.

Antes de apresentarmos o rito em si, há que mencionar algumas de suas particularidades ou características que a ele estão intimamente relacionadas.


Uma coisa que se nota nas igrejas de Rito Armênio, logo de início, é que não há a iconóstase comum no Rito Bizantino (e também no Copta) mas que, por outro lado, têm algo muito característico: a presença de uma cortina, que fica entre o presbitério (sempre em nível elevado) e restante da igreja. Essa cortina, que como veremos mais adiante, é fechada em alguns momentos durante a Liturgia, tem a finalidade tanto de trazer uma atmosfera de mistério à celebração litúrgica (afinal, ali se estão celebrando os "Santos Mistérios") como também para fazer com que os fieis se concentrem em sua oração e não se distraiam com certos ritos e ações do celebrante em alguns momentos da celebração. Essa prática, embora ainda encontrada também em algumas de Rito Caldeu e até de Siríaco Antioqueno (Siro-Malancar), hoje é uma das características próprias das igrejas de Rito Armênio. No entanto, consta que era comum a praticamente todos os ritos nos tempos primitivos da Igreja (até hoje ainda conservam-se estruturas deste tipo em igrejas do Rito Romano).

A Missa é celebrada - assim como em todos os ritos tradicionais - "versus Deum", isto é, de frente para Deus e "de costas" para o povo. Outra característica interessante do Rito Armênio é que, ao paramentar-se, tanto o celebrante quanto os diáconos, acólitos e quem mais for subir ao presbitério para aproximar-se do altar, tiram os sapatos e colocam uma espécie de "sapatilha" ou "meia", um calçado especial, em tecido nobre (veludo ou outro tipo) com desenhos e bordados, que serve para indicar a importância do local  ao qual pretendem se aproximar: assim como Moisés teve de tirar as sandálias de seus pés para aproximar-se da Sarça Ardente (pois ali estava Deus), também os armênios tiram seus sapatos vulgares e calçam "sapatos litúrgicos" para se aproximarem do Altar de Deus, onde o Cristo se fará presente na Santíssima Eucaristia.
Momento em que as cortinas se fecham
Catedral Armênia Católica de São Gregório Iluminador - São Paulo - Brasil

E por falar em paramentos, vale ressaltar que, assim como no Rito Bizantino, no Rito Armênio os paramentos são belíssimos e suntuosos: na verdade, em praticamente todos os Ritos Tradicionais - inclusive o Romano - o são. Somente no Rito Romano Moderno (pós Vaticano II) é que houve uma simplificação tamanha dos paramentos que - me perdoem - beira ao desleixo. Todo católico deveria entender que os paramentos, isto é, a vestimenta usada para a celebração litúrgica não tem a finalidade de "embelezar" o padre que a utiliza, mas antes, que está intimamente ligada à magnitude e à imponência dos Divinos Mistérios que se celebram (para Deus o melhor!). Enfim...

Outra particularidade do Rito Armênio é que, nele, os bispos usam mitra e báculo latinos (a mitra um pouco mais comprida), assim como os bispos ocidentais (provavelmente influência dos missionários ocidentais) enquanto os sacerdotes usam uma espécie de báculo oriental e uma espécie de coroa, ambos semelhantes aos utilizados pelos bispos bizantinos (embora a coroa do Rito Armênio seja menor e mais discreta, por exemplo).

Na imagem é possível ver o Bispo de mitra e báculo latinos, enquanto um sacerdote usa uma espécie de coroa
Também é possível  ver que todos usam a espécie de "calçado litúrgico" descrita anteriormente
(Catedral Armênia Católica de Nossa Senhora de Narek - Buenos Aires - Argentina

Ao contrário dos outros Ritos, em que mais de uma igreja os utiliza, atualmente apenas uma igreja "sui juris", - portanto Católica - tem o Rito Armênio como Liturgia oficial:

A IGREJA ARMÊNIA CATÓLICA.

Conforme fora dito no início deste artigo, o Rito Armênio se desenvolveu, primeiramente a partir de um rito do tipo siríaco-Antioqueno com algumas práticas litúrgicas provenientes de Cesareia da Capadócia, influências essas que acabaram produzindo também o Rito Bizantino. No entanto, o Rito Armênio têm como principal nome aquele que teria sido o responsável por estabelecer suas principais diretrizes: São Gregório o iluminador, que fora o Santo chamado Apóstolo da Armênia por ter sido o responsável pela conversão do Rei da Armênia (Tirídates III) e copm ele de todo o reino que se tornou o primeiro Reino cristão (no ano 301). Teria sido São Gregório Iluminador aquele que definiu as bases do Rito Armênio, tal qual é preservado até nossos dias. Também houve influências em sua liturgia, além do Rito Bizantino, também do Rito Romano, como veremos.


A Divina Liturgia Armênia

A Divina Liturgia (Santa Missa) no Rito Armênio tem a língua Armênia como língua litúrgica, com exceção das leituras e da homilia pronunciada ao povo. Divide-se em 4 partes:

I - Rito de Entrada;
II - Synaxis ou Liturgia da Palavra;
III - Missa dos Fiéis ou Liturgia Eucarística;
IV - Rito de Conclusão;

O então Patriarca Armênio Católico Nersés Bedros XIX Tarmouni celebra a Divina Liturgia em Rito Armênio na Basílica de São Pedro, no Vaticano. O Patriarca repousou no Senhor em 25 de junho de 2015.

No rito de entrada, são preparados os dons que serão santificados, preparação de certa forma mais simples que, por exemplo, no Rito Bizantino ou em outras Liturgias Orientais. A Divina Liturgia (Santa Missa) inicia-se praticamente igual à Liturgia do Rito Romano (Tradicional), com as "orações ao pé do altar" (para purificar-se antes de se aproximar do altar de Deus para a celebração dos santos mistérios). Na preparação, é utilizado o pão ázimo (sem fermento), tal qual no Rito Romano. Canta-se então o hino "Oh Profundo Mistério" enquanto o sacerdote se aproxima do altar:

"Oh Profundo Mistério,inalcançável, sem começo! Tu adornastes as potências do alto qual tálamo de luz inacessível e aos coros dos anjos da glória resplandecente. Oh Rei do céu, conserva firme a tua Igreja e guarda em tua paz aos que adoram teu santo nome".

No Rito Penitencial se dão absolvições mútuas o Sacerdote e o Diácono, e após a Salmodia (Salmo 99 - "Aclamai o Senhor, por toda a terra. Servi o Senhor com alegria. Vinde, exultantes em sua presença. Sabei que o Senhor é Deus: Ele nos fez, e a Ele pertencemos...") têm lugar as Intercessões.

A Synaxis ou Liturgia da Palavra inicia-se com a Entrada e o Triságio (com incisos próprios, por exemplo, na Páscoa: "Santo Deus, Santo e Forte, Santo e Imortal, que ressuscitou dentre os mortos, tem piedade de nós). Em Seguida vêm lugar as Litanias e, após estas, as Leituras das Epístolas, dos Salmos e o Santo Evangelho; Terminada a Homilia, recita-se o Símbolo Niceno-Constantinopolitano seguido de um anátema anti-ariano e uma glorificação trinitária. Recitado este, tem lugar a Despedida/Proibição: "Nenhum dos catecúmenos, nenhum com pouca fé e nenhum dos penitentes e dos impuros se aproxime a este Divino Mistério".

Em seguida inicia-se a Missa dos Fiéis ou Liturgia Eucarística,  começando com o "Ósculo da Paz", que no Rito Armênio tem um significado ainda mais explícito. O Diácono diz: Saudai-vos mutuamente pelo ósculo da paz, e que aqueles que não são aptos a participar destes santos mistérios se retirem e vão rezar fora". Todo o povo se saúda dizendo: "Jesus Cristo está entre nós". O coro então canta um hino breve, mas que sintetiza admiravelmente o sentido infinitamente rico da ação que se passa neste momento. 

Logo então vem a Anáfora. No Rito Armênio são usadas algumas, sendo elas: três da Tradição Bizantina: as de Santo Atanásio, São João Crisóstomo e São Basílio; outras de esquema Antioqueno: as de São Tiago e Santo Inácio; outras com particularidades próprias: as de São Gregório Nazianzeno e São Cirilo de Alexandria. A Anáfora consta de:

- Diálogo Invitatorial: o diácono diz "As portas, vigiai com toda prudência e atenção! Elevai ao alto a mente com temor de Deus"; ao que a assembléia responde: "A temos elevada para ti, Senhor onipotente". De novo o Diácono diz: "E dai graças ao Senhor com todo o coração"; A assembléia responde: "É coisa digna e justa";
Elevação do cálice

- O Prefácio e o Santo: o Celebrante diz "E de criar melodias, com os Serafins e com os Querubins, cantando ao uníssono o Triságio e, bradam firmemente, exclamar junto a eles com grande voz, dizendo: Santo, Santo, Santo, Senhor Deus dos..."  

- Relato da Instituição: O sacerdote prossegue dizendo "Enquanto tomou o pão em suas santas, divinas, imaculadas e criadoras mãos, o abençoou [coloca a hóstia na palma de sua mão esquerda, e com a direita traça a bênção sobre ele], deu graças e o deu a seus eleitos, a seus santos, aos discípulos sentados com Ele à mesa, dizendo: Este é meu Corpo que é distribuído por vós e por muitos para a expiação e a remissão dos pecados"; Em seguida, tomando o cálice, diz: "Tomai e bebei todos: Este é meu Sangue da nova Aliança, que é derramado por vós e por muitos para a expiação e a remissão dos pecados". 

- Na sequência vem a Anamnese, a Epiclese (invocação do Espírito Santo sobre os dons) e o Pai-Nosso. Por fim, a elevação da Divina Eucaristia onde o sacerdote canta: "O Santo aos santos" ao que a assembléia aclama "um somente é Santo, um somente é Senhor, Jesus Cristo, na glória de Deus Pai. Amém". Vale ressaltar que a elevação se dá praticamente da mesma forma que no Rito Romano.

Terminadas essas partes, vem a Comunhão do celebrante. Em seguida, antes da Comunhão dos fiéis, diz o diácono: "Com temor e fé, aproxime-se e comungai com santidade. Dizei: pequei contra Deus. Creio no Pai Santo, Deus verdadeiro; creio no Filho Santo, Deus verdadeiro; Creio no Espírito Santo, Deus verdadeiro; Confesso e creio que este é o verdadeiro Corpo e Sangue de Jesus Cristo, nosso Senhor e Salvador, que tira o pecado do mundo". Forma-se então a fila para a comunhão dos fiéis.

A Comunhão dos fiéis

Em diversos momentos da Divina Liturgia (procissão de entrada, a do Evangelho e a dos Dons, assim como durante a récita do Triságio e o Credo) soam os "Exaptérigos", que é uma espécie de vara comprida com um disco metálico na extremidade, com campainhas presas ao redor, que representam os querubins.

Outro ponto importante e bem característico do Rito Armênio, conforme mencionado no início do artigo, é a presença das cortinas que se fecham em dois momentos da Divina Liturgia: No ofertório e também durante a Comunhão do Sacerdote.

Dom Vartan Boghossian, Bispo Emérito do Exarcado
Armênio Católico para a América Latina, dá a bênção final
com a Cruz Armênia em punho
Por fim há o Rito de Conclusão: Após a Ação de Graças (pós Comunhão) tem lugar a Bênção Final e a Despedida: "Sede abençoados pela graça do Espírito Santo; ide em paz". Em seguida, sobretudo nos dias festivos, há também a proclamação do Prólogo do Evangelho de São João, da mesma forma que no Rito Romano Tradicional (Tridentino).

Para concluir, abaixo compartilhamos um vídeo onde podemos ver alguns momentos da Divina Liturgia em Rito Armênio, celebrado por sua Excelência Dom Paulo León Hakimian, à época do vídeo pároco da Catedral Armênia Católica de Buenos Aires, hoje Exarca Apostólico dos Armênios Católicos da América Latina, com sede em São Paulo - Brasil:





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Esperamos que com este pequeno artigo tenhamos conseguido apresentar um pouco mais da Riqueza da Igreja Católica em seu tesouro oriental, neste caso, com o Rito Armênio.

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quarta-feira, 7 de agosto de 2019

Os Ritos da Igreja: 5 - O RITO BIZANTINO



O RITO BIZANTINO (também chamado Rito Grego ou Rito Constantinopolitano) é um dos tradicionais Ritos da Igreja. Proveniente da região de Bizâncio, posteriormente Constantinopla (hoje Istambul - Turquia), irradiou-se dali para regiões longínquas de todo o mundo, sendo o Rito mais utilizado para a celebração dos Sacramentos após o Rito Romano: além de ser o rito oficial das igrejas que compõem a chamada Igreja Ortodoxa, é também o Rito de 14 das 24 Igrejas Católicas "sui juris" que juntas formam A IGREJA CATÓLICAO nome do Rito (Bizantino) é devido ao seu desenvolvimento, que se deu em Bizâncio.

Bizâncio foi uma cidade fundada por colonos gregos da cidade de Mégara, por volta do ano 658 a.C. Estrategicamente localizada entre o "Corno de Ouro" e o "Mar de Mármara", no ponto em que a Europa encontra a Ásia, recebeu o nome de seu rei, Bizas (ou Bizante). Os romanos latinizaram o nome para Byzantium.

Reza a tradição que Bizâncio foi evangelizada pelo Apóstolo Santo André, irmão de São Pedro, e que a igreja ali teria sido por ele fundada. No dia 11 de maio de 330 o Imperador Constantino tornou a cidade de Bizâncio a Capital do Império Romano (do Oriente). Após sua morte, a cidade passou a ser chamada de Constantinopla, que significa "Cidade de Constantino", nome que carregou desde então até por volta do ano 1453, quando foi conquistada pelo Império Turco-Otomano.

O Rito Bizantino, embora proveniente da igreja de Bizâncio, é baseado nas práticas da Igreja primitiva, com adições que se deram no decorrer dos primeiros séculos em resposta às diversas controvérsias religiosas, assim como na elaboração das festas. Sua versão mais antiga encontra-se na Divina Liturgia de São Basílio, composta pelo metropolita de Cesareia, ainda no século IV. A Liturgia de São Basílio, por sua vez, é baseada na Divina Liturgia de São Tiago e nas Constituições Apostólicas que, como vimos têm suas origens em Jerusalém-Antioquia, assim como em costumes da Capadócia.


Dom Manuel Nin, Exarca Apostólico para a Igreja Católica Bizantina Grega


Atualmente, 14 são as igrejas "sui juris", - portanto Católicas - que têm o Rito Bizantino como Liturgia oficial. São elas:

A IGREJA GRECO-MELQUITA CATÓLICA.

A IGREJA CATÓLICA  BIZANTINA GREGA.

- A IGREJA CATÓLICA ÍTALO-ALBANESA.

- A IGREJA BIELORRUSSA CATÓLICA.

- A IGREJA UCRAÍNO-CATÓLICA (ou Igreja Greco-Católica Ucraniana).

- A IGREJA GRECO-CATÓLICA RUSSA.

- A IGREJA GRECO-CATÓLICA BÚLGARA.

- A IGREJA GRECO-CATÓLICA ESLOVACA.

- A IGREJA GRECO-CATÓLICA HÚNGARA.

- A IGREJA GRECO-CATÓLICA ROMENA.

- A IGREJA GRECO-CATÓLICA CROATA-SÉRVIA.

- A IGREJA CATÓLICA BIZANTINA RUTENA.

- A IGREJA GRECO-CATÓLICA ALBANESA.


- A IGREJA GRECO-CATÓLICA MACEDÔNICA.


A Divina Liturgia (Santa Missa) Bizantina possui três liturgias para a celebração eucarística: a de São Basílio; a de São João Crisóstomo, que é uma versão abreviada ou simplificada da de São Basílio (hoje em dia é a que se celebra ordinariamente); a de São Gregório Nazianzeno, que é antes um ofício de Comunhão solene, celebrada às quartas e sextas-feiras da Quaresma, utilizada para os dons pré-santificados. 

Características (e curiosidades) do Rito Bizantino

O sinal da cruz é feito dezenas de vezes (inclusive muito mais vezes que no Rito Romano Tradicional). Normalmente inclina-se reverentemente, quase que a tocar o chão com a mão e, em seguida, a eleva traçando o sinal da cruz da direita para a esquerda, ao contrário do Rito Romano).

A Missa é celebrada de costas para o fiéis, ou melhor dizendo, Versus Deum, tal qual o Rito Romano Tradicional e praticamente TODOS os Rito Tradicionais, Orientais ou Ocidentais (apenas o Rito Siríaco Antioquino celebrado pelos Maronitas que, após o Vaticano II, também passou a ser celebrado na maioria das vezes "de frente para o povo").


Bispos Católicos Ucranianos celebrando a Divina Liturgia
No Rito Bizantino, assim como em outros Ritos Orientais, o pão da Eucaristia - chamado Prósphora - é fermentado, ao contrário da hóstia sem fermento do Rito Romano (e alguns Ritos Orientais como o Armênio).

Existe um ritual para se repartir o pão em vários pedaços. Para cada pedaço se reza uma oração diferente.

É usada uma colher para dar a Sagrada Comunhão quando é administrada em duas espécies (o Pão-Corpo é mergulhado no Vinho-Sangue).   

Conforme a Tradição da Igreja, (com exceção do Rito Romano em sua versão moderna - Novus Ordo - onde há "ministro extraordinário da eucaristia") somente o sacerdote distribui a Comunhão.

Outra característica extremamente marcante do Rito Bizantino é sua riqueza visual-estética: Os templos bizantinos, em geral, são extremamente decorados em todos os seus aspectos. Ricamente adornados, trazem pinturas em quase todas as suas partes, normalmente ícones (o explicaremos em um artigo específico sobre este tipo de arte sacra cristã), além da Iconóstase, (espécie de parede ou divisória entre o presbitério e a assembléia - explicaremos em um artigo específico), elemento quase que indispensável em uma igreja de Rito Bizantino. Também as vestes e paramentos litúrgicos destacam-se por sua beleza e suntuosidade: por exemplo, a mitra do Bispo em formato de Coroa, os tecidos que compõem as vestes litúrgicas, etc., tudo isso faz menção tanto às origens do rito (Bizâncio-Constantinopla era a sede do Império Romano Oriental e posteriormente, do Império Bizantino) quanto - e principalmente - aos Santos Mistérios que se realizam na cerimônia litúrgica.  


O então Bispo da Eparquia Católica Greco-Melquita Nossa Senhora do Paraíso, Dom Joseph Gebara,
celebrando a Divina Liturgia em sua Catedral de Nossa Senhora do Paraíso - São Paulo - Brasil

A Divina Liturgia Bizantina

A Divina Liturgia (Santa Missa) no Rito Bizantino que tentaremos explicar é a que é utilizada cotidianamente: A Divina Liturgia de São João Crisóstomo. 

A Missa de São João Crisóstomo divide-se em 3 partes:

- A preparação das oferendas ou da matéria do sacrifício;
- A Liturgia dos Catecúmenos ou Liturgia da Palavra;
- A Liturgia dos Fiéis ou Liturgia Eucarística;


SIMBOLISMO

As cerimônias da Missa são carregadas de simbolismo. A Igreja ordenou a Divina Liturgia de modo a nos recordar a pessoa do Salvador e os mistérios da sua vida sobre a terra. Quanto a seu simbolismo, a Missa divide-se em quatro partes:

A primeira vai da preparação até a procissão do Santo Evangelho: simboliza a vida oculta de Jesus.
A segunda vai da procissão do Evangelho até a procissão do Ofertório: simboliza a vida vida pública de Cristo.
A terceira vai da procissão do Ofertório até depois da Comunhão: simboliza a vida padecente de Cristo (paixão e morte).
A quarta parte vai de depois da comunhão até o fim da Missa: simboliza a vida gloriosa de Nosso Senhor.

Na Liturgia Bizantina o celebrante é considerado o guia, o introdutor dos fiéis ao banquete eucarístico e seu porta-voz na audiência com Deus; também como "o pastor que caminha diante do rebanho" para conduzi-lo às fontes da graça e da salvação; Também é o que age na pessoa de Cristo que renovará misticamente o seu sacrifício sobre o Altar, o Cristo que caminha adiante de seus discípulos quando subia a Jerusalém ao encontro de sua paixão. Por isso a não se adotou o uso de celebrar de frente para o povo (da mesma forma que o Rito Romano Tradicional, por exemplo). Ainda assim, por diversas vezes volta-se para a assembleia para desejar-lhe a paz e transmitir-lhe os ensinamentos e preceitos do Mestre. Também anda em meio dela, tal qual fazia o Senhor, por duas vezes: durante a procissão do Evangelho e durante a procissão do Ofertório.

Preparação das oferendas ou Matéria do Sacrifício

Esta primeira parte se faz secretamente, isto é, dentro do santuário (atrás da iconóstase) e sem a participação dos fiéis, simbolizando assim os 30 anos  de vida oculta que Nosso Senhor passou preparando-se para seu ministério público.


Após ter rezados as chamadas "orações da porta", porque se fazem diante da "porta santa", que dá acesso ao santuário, e dos ícones do Salvador e da Mãe de Deus, o sacerdote entra no santuário , paramenta-se, lava as mãos e se dirige para o pequeno altar situado à esquerda do altar-mor, chamado "altar da preparação". Nele já se encontram os objetos que servirão para o sacrifício. O sacerdote então realiza a preparação dos dons com os ritos e orações deste momento.

O sacerdote termina a preparação das oferendas e começa a Missa dos Catecúmenos, incensando os os dois altares, os ícones, a igreja e os fiéis. Esta é a primeira grande incensação.

Liturgia dos Catecúmenos ou Liturgia da Palavra.


Esta parte compreende uma longa oração dialogada chamada Grande Súplica. Cantos de Salmos, o "Kirie Eleison", as antífonas e a pequena entrada ou procissão com o livro dos Santos Evangelhos. Hinos próprios do dia (tropário), o hino do Triságion (Santo Deus, Santo Forte, Santo Imortal...), a Epístola e o Aleluia. O diácono (ou o sacerdote) anuncia a presença do Verbo de Deus, sabedoria infinita e eterna, representado pelo Evangelho, clamando "A Sabedoria!", e convida os fiéisa ficarem de pé por respeito. Após o Evangelho, a homilia e por fim o ectení ou súplica insistente. A oração pelos catecúmenos e a despedida dos mesmos.

Até a procissão com o Evangelho, esta parte continua simbolizando a vida oculta de Jesus, Da procissão do Santo Evangelho até a procissão do Ofertório, recorda-se a vida pública de Jesus até sua paixão.

Liturgia dos Fiéis ou Liturgia Eucarística


A Liturgia dos Fiéis compreende o Ofertório, a Anáfora ou Cânon e a Comunhão. Inicia-se pela oração pelos Fiéis, o Canto dos Querubins, a Procissão da Grande Entrada, a Segunda oferenda do Pão e Vinho no altar, ósculo da Paz e o Credo.


Anáfora ou Cânon

Por fim, o diálogo de introdução, Oração Eucarística (Prefácio), o Santo, a Narração da última Ceia e Consagração. O Pai-nosso, a Anamnese, a Terceira Oferenda, a Epiclese (a invocação do Espírito Santo obre as espécies), as comemorações e a Conclusão: Doxologia e Bênção.

Uma explicação mais detalhada de alguns atos simbólicos: Após a inclinação, o sacerdote conclama os fiéis a "ficarem atentos" para que ouçam e vejam algo importante que está para acontecer. Logo então cumpre os atos manuais simbólicos, que seriam:elevação, fração e mistura dos dons sagrados, feitos pelo celebrante para manifestar de modo mais expressivo a imolação de Cristo e a unidade do sacrifício.

Na elevação, o celebrante, segurando com dois dedos da mão direita o "Cordeiro", isto é, a hóstia grande, eleva-a em cima da patena, bem à vista do povo, fazendo com ela uma cruz vertical e dizendo em voz alta: "As coisas santas aos Santos". A Assembléia, impressionada por estas palavras, clama: "Um só Santo, um só Senhor, Jesus Cristo, para a glória do Pai, Amém".

Fração: Em seguida, o sacerdote parte o Cordeiro em quatro partes, segundo os cortes preparados já na prótese, dizendo secretamente: É partido e fracionado o Cordeiro de Deus, que é partido sem ser dividido, que é sempre comido e nunca consumido, mas santifica os que o recebem".

Comunhão: Durante os atos manuais simbólicos e a comunhão do celebrante, o coro executa o "Quinonicon" (ou canto de Comunhão), que é tirado da Sagrada Escritura e que varia de acordo com os dias da semana e as grandes festas.

O celebrante (em todos os Ritos) sempre é o primeiro a comungar. A fórmula que ele recita ao receber o Corpo e o Sangue do Senhor é bastante significativa: " O precioso e santo Corpo (ou Sangue) de Nosso Deus e Salvador Jesus Cristo é dado a mim, (nome do celebrante), sacerdote, para a remissão dos pecados e para a vida eterna". Procede-se então à Comunhão dos fiéis, que é ministrada pelo sacerdote. Ele então a distribui a cada fiel, diretamente na boca, normalmente utilizando uma espécie de colher de ouro com a qual pega a partícula consagrada embebida no vinho-Sangue (as partículas consagradas foram colocadas dentro do cálice para misturar-se ao Sangue) e a deposita na boca do fiel.

Terminada a Comunhão dos fiéis, o celebrante dá-lhes a bênção, dizendo: "Ó Deus, salvai o vosso povo e abençoai a vossa herança". A resposta da Assembléia é uma verdadeira profissão de Fé cheia de alegria: "Vimos a verdadeira Luz, recebemos o Espírito Celeste, encontramos a fé verdadeira, adorando a Trindade indivisível, porque ela nos salvou". Enquanto isso, o sacerdote no altar, rende uma última homenagem de adoração às Santa Espécies, retorna à Porta Santa levantando o cálice e a patena e diz: "Bendito seja o nosso Deus a todo o momento". E leva-os para o altar da preparação para que sejam consumidas as Hóstias que sobraram e que haja a purificação dos vasos sagrados. Por fim, dá a bênção à Assembléia.

Abaixo, o Papa São João XXIII celebra a Divina Liturgia e também a Sagração Episcopal - ambos em Rito Bizantino - do Bispo Melquita Gabriel Acácius Coussa em São Pedro - Roma.











Para concluir, abaixo compartilhamos um vídeo onde podemos ver alguns momentos da Divina Liturgia em Rito Bizantino, com ordenação sacerdotal, celebrada por sua Excelência Dom Manuel Nin, Exarca Apostólico dos Católicos Bizantinos Gregos:




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Esperamos que com este pequeno artigo tenhamos conseguido apresentar um pouco mais da Riqueza da Igreja Católica em seu tesouro oriental, neste caso, com o Rito Bizantino.

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