segunda-feira, 20 de abril de 2020

Igrejas Católicas Orientais: 06 - A IGREJA CALDEIA CATÓLICA

Cruz Assíria-Caldeia

Igreja Caldeia Católica, em siríaco clássico (ܥܕܬܐ ܟܠܕܝܬܐ ܩܬܘܠܝܩܝܬܐ), também chamada Igreja Católica Caldaica ou mais especificamente, Patriarcado de Babilônia dos Caldeus, é uma das 23 igrejas orientais ditas "sui juris", isto é, "autônomas", em plena comunhão com a Sé Apostólica de Roma. Isto significa, portanto, que a Igreja Caldeia Católica reconhece a autoridade do Papa como sumo pontífice, pai e líder de todos os católicos do orbe.

Há, aproximadamente, um milhão de Católicos Caldeus em todo o mundo, dos quais a grande maioria (cerca de 700 mil assírios étnicos) encontra-se no norte do Iraque, sudeste da Turquia e noroeste do Irã, uma região correspondente ao que seria (aproximadamente) a antiga Assíria. Existem também assírios-caldeus no Egito, assim como muitos na diáspora ocidental (alguns países europeus, Canadá, Estados Unidos, etc.), o que foi intensificado nos últimos anos com as constantes perseguições aos cristãos, perpetradas pelo ISIS (Estado Islâmico) e outros grupos terroristas. Mas afinal, quem são os Católicos Caldeus?


ORIGEM DA IGREJA CALDEIA CATÓLICA

Brasão do Patriarcado de Babilônia dos Caldeus

Os Católicos Caldeus são os cristãos católicos orientais que devem sua origem, geograficamente, à Assíria central (nas planícies de Nínive), onde as ruínas das antigas capitais assírias de Nínive e Nimrud estão localizadas. Os caldeus são populações de origem assíria cuja maioria se converteu ao catolicismo nos séculos XVII e XVIII.

Como vimos anteriormente, a Igreja Católica é a comunhão de igrejas (comunidades cristãs) que professam a mesma Fé e que estão sujeitas aos mesmos chefes espirituais que as governam (bispos), estes por sua vez unidos entre si e à Igreja de Roma assim como a seu  bispo, o Papa. Nessa Comunhão Católica, podemos dizer que a Igreja possui duas raízes: a ocidental, também chamada latina (ou Romana) e a oriental. Dentro desta segunda, quatro são as sedes patriarcais que marcaram sua história: Jerusalém, AntioquiaAlexandria e ConstantinoplaAs 5 (cinco) sedes patriarcais formariam aquilo que denominamos "pentarquia" (conforme vimos nos artigos anteriores), encabeçada pela Igreja de Roma e o Pontífice Romano: o Papa. No entanto, além dessa distinção entre os 5 Patriarcados acima mencionados, há que se mencionar a chamada "Igreja do Oriente" que também se desenvolveu no início da era cristã. 

Para que possamos compreender melhor, portanto, a Igreja Caldeia Católica, devemos entender, primeiramente, como se desenvolveu a chamada "Igreja do Oriente", da qual ela se originaria.



FUNDAÇÃO APOSTÓLICA da "IGREJA DO ORIENTE"  




A Igreja do Oriente é considerada uma Igreja Apostólica, isto é, cuja fundação remonta a um dos Apóstolos do Senhor. Segundo a Tradição, teria sido estabelecida pelo Apóstolo São Tomé, contando também com a participação do Apóstolo São Bartolomeu e de São Tadeu de Edessa, um dos 70 discípulos de Nosso Senhor Jesus Cristo.  Além disso, o chefe dos Apóstolos e primeiro Papa, São Pedro, segundo a tradição assíria, acrescentou sua bênção à Igreja do Oriente no momento de sua visita à Sé de Babilônia, nos primeiros dias da Igreja, como o teria relatado em sua Epístola:

"A Igreja eleita que está na Babilônia saúda-vos; assim como também Marcos, meu filho". (1 Pedro, cap. 5, vers. 13).

Embora se compreenda a citação por São Pedro (Babilônia) como uma referência a Roma, também os assírios a entendiam como a Igreja presente naquela região.

A Igreja do Oriente, embora tenha se desenvolvido nos 3 primeiros séculos da Era Cristã, alcançou o reconhecimento do Estado Sasaniano no Irã apenas no século IV, com a adesão de Yazdegerd I ao trono do império Sasaniano em 399. Sob o imperador sasaniano, a Igreja do Oriente foi sendo induzida a procurar distanciar-se cada vez mais da Igreja em suas manifestações "mais a ocidente", isto é, da Igreja Latina (ou seja, Romana) e Grega (isto é, bizantina, a Igreja de Constantinopla, na época conhecida como Igreja do Império Romano do Oriente).

Em 424, os Bispos da Igreja no território do Império Sasaniano, reuniram-se em Concílio, sob a liderança do Kathólicos Dadisho (421 a 456) e determinaram que, a partir daquele momento, não encaminhariam problemas disciplinares - ou mesmo teológicos - a qualquer "poder externo", sobretudo a nenhum Bispo (Patriarca) ou Concílio da Igreja no Império Romano.  Sendo assim, as igrejas da Mesopotâmia que compunham a chamada "Igreja do Oriente" passaram a não enviar seus representantes aos diversos Concílios da Igreja que se sucederam por imposição, promoção ou participação dos representantes da "Igreja Ocidental". Consequentemente, os líderes da Igreja do Oriente não se sentiam vinculados obrigatoriamente a acatar nenhuma decisão dos que seriam considerados "Concílios Imperiais Romanos".




A controvérsia teológica que se seguiu ao Concílio de Éfeso, realizado no ano 431, tornou-se um ponto de virada na história da Igreja. O Concílio condenou como herética a cristologia de Nestório, então Patriarca de Constantinopla, cuja relutância em conceder à Virgem Maria o título de Theotokos, isto é, "portadora de Deus", ou mais exatamente, "Mãe de Deus", foi tomada como prova de que ele acreditava que duas pessoas separadas (em oposição a duas naturezas unidas) estavam presentes dentro de Cristo. Essa doutrina opunha-se às definições do Concílio de Éfeso, o que resultou na deposição de Nestório de sua Sé Patriarcal: ele foi deposto como herege, e suas doutrinas, condenadas e posteriormente conhecidas como a "heresia Nestoriana" ou "Nestorianismo". Ainda assim, alguns Bispos e clérigos (e consequentemente, comunidades de fiéis) continuaram fiéis às doutrinas de Nestório, seguindo-o.


O Concílio de Éfeso

O imperador Sasaniano, hostil aos bizantinos, viu a oportunidade de garantir a lealdade de seus súditos cristãos e ao mesmo tempo afastá-los dos "romanos" (latinos e bizantinos) apoiando o cisma nestoriano. Neste sentido, o imperador tomou medidas para consolidar a primazia do partido nestoriano dentro da Igreja do Oriente, concedendo proteção a seus membros e executando o pró-romano Khatolikós Babowai em 484. O imperador então o substituiu pelo bispo nestoriano de Nisibis, Barsauma. Mais tarde, seu sucessor como Khatólikós (Patriarca) da Igreja do Oriente, Babai (ano 497 a 503) confirmou o apoio da Igreja do Oriente ao Nestorianismo.
Padres nestorianos em procissão no Domingo de ramos no,
Pintura de parede do século VII ou VIII em uma igreja nestoriana na China

Após essa divisão com o mundo ocidental e adoção do Nestorianismo (o que, para nós católicos, os colocava como não apenas cismáticos, mas também heréticos), a Igreja do Oriente expandiu-se rapidamente devido ao trabalho missionário durante o período medieval: entre o ano 500 e o ano 1.400, os horizontes geográficos da Igreja do Oriente se estenderam muito além de seu coração no atual norte do Iraque, oeste do Irã, nordeste da Síria e sudeste da Turquia. A Igreja passou por uma "era de ouro", mantendo poder significativo e  grande influência no mundo civilizado de então, durante esse período.
Estela Nestoriana

Comunidades assírias surgiram por toda a Ásia Central, e missionários da Assíria e da Mesopotâmia levaram a fé cristã até a China. Uma prova de primeira grandeza de seu trabalho missionário na China é a "Estela Nestoriana", uma tábua da Dinastia Tang, escrita chinesa, datada do ano 781, que documenta 150 anos de história cristã na China. 

Sua contribuição mais importante, no entanto, foi a dos chamados "cristãos de São Tomé" na costa de Malabar, na Índia. Estes cristãos, chamados "siro-malabares" (onde se inclui a Igreja Católica Siro-Malabar, que apresentaremos em um artigo próprio sobre ela) formam o maior grupo de cristãos não etnicamente assírios do mundo, com cerca de 10 milhões de seguidores (somadas todas as denominações e sua própria diáspora). Acredita-se que os Cristãos de São Tomé foram convertidos pelo próprio São Tomé Apóstolo, e por manterem a mesma origem em comum neste apóstolo - assim como o Rito - com os Assírios, estavam em comunhão com a Igreja do Oriente até o final do período Medieval.


DECLÍNIO DA IGREJA DO ORIENTE

Templo nestoriano de São Jorge, na Turquia (século XIV - XV)  

Por volta do ano 1.400, o conquistador nômade turco-mongol Timur surgiu das estepes da Eurásia para liderar campanhas militares no oeste, sul e centro da Ásia. Em tais empreitadas, chegou a conquistar grande parte do mundo muçulmano, após haver derrotado os mamelucos do Egito e da Síria, o emergente Império Otomano e o (então em declínio) sultanato de Délhi. As conquistas de Timur devastaram a maioria dos bispados assírios e destruíram a cidade de Assur, cidade com 4.000 anos de história, que era a capital cultural e religiosa da Igreja do Oriente.

Após a destruição provocada por Timur, a estrutura maciça e organizada da Igreja Nestoriana, que no seu auge se estendeu até a china, Ásia Central, Mongólia e Índia, foi amplamente reduzida à sua região de origem, com exceção dos "Cristãos de São Tomé, da Índia.


O CISMA DE 1552

Como vimos, até a destruição perpetrada por Timur por volta de 1.400, a sede da Igreja do Oriente estava em Assur, mas após tais acontecimentos, a sede do Patriarcado passou a localizar-se na antiga cidade de Alqosh. Ainda no final do século XV, o Patriarca da Igreja do Oriente Shimun IV Basidi (1.437 - 1.493) decidiu tornar o ofício de Patriarca "hereditário", mantendo-o no seio de sua própria família, a chamada "linha Eliya".

Tal ação foi possível graças à antiga lei canônica da Igreja do Oriente, que decretava que somente os bispos metropolitanos poderiam confirmar um patriarca. Por meio desta lei, Shimun IV passou a nomear apenas seus familiares como bispos metropolitanos, o que foi repetido por seu sucessor: desta forma, apenas dentre seus irmãos ou sobrinhos poderia ser escolhido seu sucessor como patriarca. Tal situação foi gerando descontentamentos na Igreja, até a eleição do Patriarca Shemon VII Ishoyahb.

O Patriarca Shemon VII Ishoyahb, consagrado entre o final de 1538 e início de 1539, era altamente impopular devido a suas atividades ilícitas e vida devassa, vendendo propriedades da Igreja e permitindo o uso de concubinas. Além disso, ele consagrou seus próprios sobrinhos, alguns aos 12, 13 ou 15 anos, como bispos metropolitanos. Essas ações levaram a amplos protestos, causando mais agitação e instabilidade na Igreja.

Foi então que, em 1552, um grupo de bispos assírios das regiões do norte de Amid e Salmas elegeu um padre, Mar Yohannan Soulaqa, como Patriarca "rival" ao sistema corrupto então estabelecido no Patriarcado da Igreja do Oriente. Yohannan Soulaqa, juntamente com 70 delegados da Igreja do Oriente, viajou para Jerusalém para encontrar-se com o Custódio da Terra Santa. O grupo conseguiu convencer os frades franciscanos de que eles professavam a Fé Católica, tal qual definida nos últimos Concílios Ecumênicos e professada pela Santa Sé Apostólica de Roma, de forma integral. Além disso, manifestaram o interesse de que o Papa os confirmasse como Igreja Assíria plenamente católica, tendo Soulaqa como o Patriarca dessa Igreja. Os frades franciscanos da Terra Santa, por sua vez, deram a eles uma carta de apresentação para ser levada ao Papa Júlio III quando chegassem a Roma.

Em posse desse documento, Yohannan Soulaqa viajou a Roma juntamente com sua comitiva, tendo a assistência do Padre sírio-europeu Andreas Masius como tradutor na corte do Papa. Em 20 de fevereiro de 1553, Yohannan Soulaqa fez uma profissão de Fé Católica diante do Papa Júlio III. Em 09 de abril do mesmo ano, foi sagrado Bispo na Basílica de São Pedro, pelas mãos do Cardeal espanhol Juan Álvarez Alva de Toledo (algumas fontes dizem que o próprio Papa teria sido um dos co-sagrantes).

A nomeação de Yohannan Soulaqa como Patriarca da Igreja do Oriente em plena comunhão católica foi ratificada pela bula papal "Divina Disponente Clementia". No consistório papal realizado em 28 de abril de 1553, Sulaqa recebeu o pálio, isto é, o sinal de sua autoridade Patriarcal e comunhão com a Sé Romana, das mãos do Papa. Adotou o nome cristão aramaico tradicionalmente usado pelos Patriarcas da Igreja do Oriente, tornando-se a partir de então Mar Shimun VIII Yohannan Soulaqa, Patriarca dos Assírios Orientais. Para diferenciar a Igreja que agora estava em plena comunhão católica da parcela da Igreja do Oriente que não aderiu ao Patriarca Soulaqa e permanecia afastada da Igreja de Roma (linha Eliya), a "nova" Igreja sob o Patriarca Shimun VIII Sulaqa passou a ser chamada de Igreja da Assíria e Mosul. A Crônica dos Carmelitas afirma que o título, a princípio de Patriarca dos Assírios Orientais, foi alterado em 19 de abril de 1553, para Patriarca dos Caldeus. Isso se referia ao Antigo Testamento, que dá origem ao local de nascimento de Abraão como "Ur dos Caldeus" (tradicionalmente Edessa), muito antes de os caldeus entrarem na Mesopotâmia, e não para significar alguma ligação étinica/geográfica com os extintos caldeus.


Mar Shimun VIII Yohannan Soulaqa

Mar Shimun VIII Yohannan Soulaqa regressou por terra até Constantinopla, e de lá para a cidade de Amid (atualmente Diyarbakir), no norte, chegando aí em 12 de novembro de 1553, onde estabeleceu sua Sé. Ele foi acompanhado pelo Bispo Ambrose Buttigeg, OP (+ 1558), um poderoso clérigo maltês, nomeado especialmente como "Núncio para Mosul".

Em janeiro de 1555, portanto pouco mais de um ano após estabelecer-se como Patriarca da Igreja do Oriente em comunhão com Roma, ele foi convocado pelo Pashá local (espécie de governador dentro do Império Otomano), que havia sido instigado pelos partidários de Shimun VII (do Patriarcado de Alqosh - linha Eliya - da Igreja do Oriente). Após ser preso, ele foi torturado e executado, sendo portanto um mártir da Igreja Católica. Mar Shimun VIII Yohannan Soulaka havia sagrado Bispos, dentre os quais cinco Metropolitanos, constituindo assim a base de uma nova estrutura eclesiástica em oposição à antiga do Patriarcado de Alqosh. Essa linha sucessória passou a ser conhecida como "linha Shimun".

Após a morte do Patriarca Soulaqa, o contato com Roma foi -  infelizmente - diminuindo. O último Patriarca a solicitar (e obter) formalmente seu reconhecimento pelo Papa foi Mar Shimun IX Dinkha, falecido em 1600. A partir de então, foi reintroduzida a prática da hereditariedade para a sucessão dos Patriarcas, algo inaceitável para Roma uma vez que essa teria sido justamente uma das razões do rompimento de Sulaqa com a antiga hierarquia da Igreja do Oriente (linha Eliya) e do nascimento da chamada Igreja da Assíria e  Mosul.

Em 1670, o Patriarca Shimun XIII Dinkha foi indagado pelo Papa acerca da Cristologia professada em sua Igreja. Havia, neste momento, um forte movimento de exaltação da "Fé tradicional" da Igreja do Oriente, que como vimos no início, pendia para o Nestorianismo. A resposta do Patriarca, fortemente marcada por uma cristologia nestoriana, não foi aceita pelo Papa. Foi então que, em 1692, o Patriarca Shimun XIII Dinkha rompeu formalmente a comunhão com Roma. Ainda assim, manteve sua Igreja (linha Shimun) chamada agora de Igreja Assíria do Oriente, independente do Patriarcado de Alqosh (linha Eliya, antiga Igreja do Oriente).



1672: A LINHA "JOSEFITA" INTERMEDIÁRIA

Enquanto o Patriarcado Caldeu da chamada Igreja da Assíria e Mosul ("linha Shimun") ainda encontrava-se em meio a turbulências, fazendo com que a Santa Sé de Roma não tivesse certeza sobre sua comunhão católica, um segundo "Patriarcado Caldeu" formava-se, quando, em 1672, Mar José I, Arcebispo de Amid, entrou em comunhão com Roma, separando-se da antiga Igreja do Oriente (Patriarcado de Alqosh). Em 1681 a Santa Sé concedeu a ele o título de "Patriarca dos Caldeus privados de seu Patriarca". Todos os sucessores de José I adotaram o nome José.

A sobrevivência e crescimento desse Patriarcado foi difícil, tanto pelos problemas com os chamados assírios "tradicionalistas" (nestorianos) quanto financeiramente, por conta da chamada "jizya", espécie de imposto cobrado pelo governo otomano (muçulmano) aos súditos cristãos. Ainda assim, conseguiu com que sua influência ultrapassasse as fronteiras de Amide e Mardin, alcançando Mosul e as planícies de Nínive.

Neste momento, portanto, pode-se dizer que a antiga Igreja do Oriente, havia se fragmentado em 3 ramos principais: O maior e mais "antigo" (no sentido de que os outros ramos dele se separaram), "linha Eliya" - Patriarcado de Alqosh, cuja referência  ainda se mantivera como Igreja do Oriente, também popularmente conhecida como "Igreja Nestoriana"; O ramo da chamada "linha Shimun", originalmente surgido da comunhão com Roma como Igreja da Assíria e Mosul e popularizado como Patriarcado dos Caldeus, mas que agora rompia a comunhão com Roma, constituindo-se novamente como um Patriarcado Nestoriano e popularizando-se como "linha Shimun" - Igreja Assíria do Oriente; Por fim, o "ramo intermediário" da "linha Josefita" em comunhão com Roma.

Nos séculos XVII e  XVIII, não se pode facilmente vislumbrar com clareza a posição e o lugar da Igreja do Oriente na comunhão católica:  isso porque, enquanto o Patriarcado da chamada "linha Shimun" se distanciava cada vez mais da comunhão com Roma, até separar-se formalmente em 1692, como vimos anteriormente, outra parcela da Igreja do Oriente - além do "Patriarcado de linha josefita" - vinha se aproximando da comunhão católica, intercalando períodos de não-comunhão, comunhão parcial ou mesmo plena: a "linha Eliya", Patriarcado de Alqosh, a antiga Igreja do Oriente.



1830: A ATUAL IGREJA CALDEIA CATÓLICA - PATRIARCADO DE BABILÔNIA DOS CALDEUS

Como vimos, o mais antigo herdeiro da antiga Igreja do Oriente, o Patriarcado de Alqosh (linha Eliya), ficava no Mosteiro de Alqosh, em Rabban Hormizd. Durante o período de surgimento e consolidação do Patriarcado Caldeu de linha "josefita", assim como de afastamento da comunhão com Roma por parte do Patriarcado de linha "shimun", eles entraram em plena comunhão católica por um curto período: de 1610 a 1617. Mais de um século depois, em 1771, o Patriarca Eliya XII Denkha assinou uma confissão de Fé Católica, embora não tenha resultado em união formal.
Yohannan VIII Hormizd

Com a morte de Eliya XII Denkha em 1778, seu sobrinho o  sucedeu tornando-se o Patriarca Eliya XIII Ishoñahb. Uma parte da Igreja, insatisfeita com sua eleição, elegeu 2 anos depois - em 1780 - a Yohannan Hormizd, também sobrinho do Patriarca Eliya XII Denkha (e primo de Eliya XIII Ishoñahb) como novo Patriarca.

Após sua eleição, Yohannan Hormizd foi cada vez mais se aproximando da Fé Católica. Chegou, por fim, a fazer uma profissão de fé católica e então, em 1783, foi reconhecido por Roma como Administrador Patriarcal e Arcebispo de Mosul. Tal situação perdurou até a morte de Eliya XIII Ishoñahb em 1804, quando então toda a Igreja do Patriarcado de Alqosh passou a reconhecê-lo como Patriarca, sob o nome de Mar Yohannan VIII Hormizd. O antigo Patriarcado sede da Igreja do Oriente passava assim também à comunhão com a Sé Apostólica de Roma.

Das três linhas da antiga Igreja nestoriana ou Igreja do Oriente, duas delas tornaram-se católicas: a maior e mais antiga (linha Eliya, de Alqosh) e a da chamada linha "josefita" que, no momento era governada pelo Patriarca José V Augustine Hindi. Somente a linha "Shimun" prosseguiu seu caminho separadamente, mantendo-se "nestoriana" e então destacando-se sob o nome Igreja Assíria do Oriente.

Os dois Patriarcados Católicos, isto é, em comunhão com Roma, passaram a coexistir sem que Roma quisesse interferir definindo qual seria o detentor do título de Patriarca da Igreja do Oriente, ou mais precisamente, "Patriarca dos Caldeus". Isso prosseguiu, embora apenas por algum tempo: na prática, a partir de 1811, era José V Augustine Hindi  quem passou a governar de fato (ainda que como administrador patriarcal) as "duas linhas" da Igreja.

Com a morte de José V Augusttine Hindi, em 1827, as duas linhas  católicas procuraram manter-se juntas e iniciaram o processo de fusão. A chamada "linha josefita" não quis eleger um "sucessor dessa linha" mas sim permanecer em união católica reconhecendo a Mar Yohannan VIII Hormizd como legítimo Patriarca. Então, em 05 de julho de 1830 ele foi reconhecido oficialmente por Roma, sob o Sumo Pontífice Papa Pio VIII, como Sua Beatitude Mar Yohannan VIII Hormizd, Patriarca de Babilônia dos Caldeus. Curiosamente, a linha que havia se separado da Igreja do Oriente buscando a comunhão com Roma passara a ser a "igreja nestoriana", a separada Igreja Assíria do Oriente, ao passo que a mais antiga tornara-se católica.

A fusão dos Patriarcados de Alqosh e o da linha "josefita" dava início, definitivamente, ao Patriarcado de Babilônia dos Caldeus: a Igreja Católica Caldeia.




A EXPANSÃO E O DESASTRE (SÉCULOS XIX E XX)

Mar José VI Audo, Patriarca de Babilônia dos
Caldeus de 1847 a 1878

Os anos seguintes da Igreja Caldeia foram marcados por extrema dificuldades e violência de origem externa: em 1838, o Mosteiro de Alqosh foi atacado pelos otomanos e curdos de Soran, onde centenas de cristãos assírios-caldeus foram massacrados. Em 1843, os curdos passaram a extorquir as aldeias assírias além dos limites do possível, matando a todos que se recusassem a colaborar: mais de 10.000 cristãos assírios - não apenas caldeus (católicos) mas também nestorianos, siríacos, ortodoxos gregos, etc. - foram mortos. Os ícones do Mosteiro Rabban Hormizd foram destruídos.

Em 1846, a Igreja Caldeia foi reconhecida como um "milheto" (milit), isto é, uma comunidade distinta no império, obtendo assim sua emancipação cívica. No século XIX, o Patriarca Caldeu Mar José VI Audo tornou-se uma figura de grande influência, além de protagonizar um episódio de certo "mau-estar" quando tentou estender a jurisdição da Igreja Caldeia Católica às comunidades da Índia (Igreja Católica Siro-Malabar), gerando certo desconforto com o Papa Pio IX. Ainda assim, este período foi de grande expansão para a Igreja Caldeia Católica.


Faisal I do Iraque, com Patriarca Católico de Babilônia dos Caldeus Mar Yousef VI Emmanuel II Thomas (Patriarca de 1900 a 1947) e o Bispos Caldeus

Já no século XX, diversos eventos sangrentos se abateram sobre a Igreja Caldeia, sobretudo a Primeira Guerra Mundial e o subsequente Genocídio Assírio, onde mais de 300.000 assírios (não apenas caldeus) foram mortos. Muitos morreram também em decorrência da Guerra da Independência da Assíria, em resistência à Jihad contra os cristãos, declarada por Enver Pasha (1914) e mesmo em decorrência da Revolução Russa (1917). Assírios foram mortos diretamente (massacres) e mesmo onde o povo conseguia fugir de seus territórios invadidos pelo Império Otomano e seus aliados árabes e curdos, acabavam por morrer de fome e frio. Metropolitanos Caldeus como Addai Scher, de Siirt, e Philip Abraham, de Gazarta, foram mortos em 1915.



PERSEGUIÇÃO NO IRAQUE E NA SÍRIA

Os assírios-caldeus, assim como cristãos de outras denominações (e membros de demais minorias religiosas no Iraque) têm sofrido extensas perseguições, desde 2003, incluindo o sequestro e o assassinato de seus líderes religiosos, ameaças de violência e morte se não abandonarem seus lares e negócios, além do bombardeio e destruição de suas igrejas e demais locais de culto. Esse cenário piorou após a invasão americana e a queda de Saddam Hussein em 2003 e consequente ascensão de militantes e milícias jihadistas.

Padre Ragheed Aziz Ganni, à esquerda na foto, e Bispo Mar Paulos Faraj Rahho, mártires caldeus

O padre Ragheed Aziz Ganni, pároco da Igreja Caldeia Católica do Espírito Santo em Mosul (Iraque), foi morto por radicais jihadistas em 3 de junho de 2007 juntamente com os subdiáconos Basman Youssef Daud, Wahid Hanna Isho e Gassan Isam Bidawed. Padre Ragheed, que havia se formado na Pontifícia Universidade de São Tomás de Aquino (Angelicum) em Roma, foi morto com seus companheiros logo após celebrar a Santa Missa. Desde então foi declarado Servo de Deus. Também o Arcebispo Caldeu Paulos Faraj Rahho (e três companheiros) foi sequestrado em 29 de fevereiro de 2008, em também em Mossul. Alguns dias depois, ele e os companheiros foram assassinados.

Nos últimos anos, sobretudo desde 2014, os assírios no norte do Iraque e nordeste da Síria têm se tornado o principal alvo do terrorismo islâmico. Como resultado, muitos têm se agrupado e pegado em armas para lutar junto a outros grupos (curdos, armênios, etc) em resposta aos ataques de grupos terroristas islâmicos wahhabistas, como a Al Qaeda, Frente Nusra e Estado Islâmico. Em 2014, este último promoveu uma verdadeira barbárie ao atacar cidades como Mosul, Kirkuk e Hasakeh, que têm grandes populações assírias. Nelas foram registrados as mais atrozes ações, incluindo mortes por decapitação, crucificações, estupros, escravidão, infanticídio, torturas, conversões forçadas, limpeza étnica, impostos cobrados aos "não muçulmanos", etc.

Em resposta, assírios tanto caldeus (católicos) quanto "nestorianos", além de membros de outras denominações, uniram-se formando milícias assírias armadas, que por sua vez também uniram forças a outros grupos cristãos (siro-arameus, armênios) e não cristãos (curdos, circacianos, etc.) e até mesmo muçulmanos xiitas, no intuito de protegerem seus povos e territórios.



OS CATÓLICOS CALDEUS NA DIÁSPORA

Catedral Católica Caldeia de São Pedro, na Califórnia (EUA)

Existem muitos Caldeus na diáspora, sobretudo após as recentes perseguições há pouco descritas. Um exemplo de país onde há uma grande comunidade é nos Estados Unidos, sobretudo em estados como Michigan, Illinois e Califórnia. A maior migração se deu para West Bloomfield (sudeste de Michigan), embora também existam grandes populações em partes da Califórnia e do Arizona, que se enquadram na Eparquia de São Tomé, o Apóstolo, de Detroit.

Em 2006, foi criada a Eparquia da Oceania, com o título de "Eparquia de São Tomé, o Apóstolo, de Sydney dos Caldeus". Essa jurisdição inclui as comunidades católicas Caldeias da Austrália e da Nova Zelândia, e o primeiro bispo, o agora Arcebispo de Bassorah (no Iraque), foi Djibrail Kassab.

O Canadá também tem registrado comunidades crescentes nos últimos anos. Em 10 de junho de 2011, o Papa Bento XVI instituiu uma nova Eparquia em Toronto, nomeando o Arcebispo Mar Yohannan Zora para pastoreá-la. Trata-se da maior comunidade de Caldeus do Canadá, com cerca de 38.000 membros, batizada de Eparquia Católica Caldeia de Mar Addai.

Em 2008, Mar Bawai Soro, da Igreja Assíria do Oriente, juntamente com 1.000 famílias assírias, foi recebido em plena comunhão católica na Igreja Católica Caldeia.


LOUIS RAPHAËL I SAKO, atual Patriarca de Babilônia dos Caldeus



Louis R. Sako nasceu em 04 de julho de 1948, na cidade de Zakho, no Curdistão Iraquiano. Pertence a uma família assíria da Igreja Caldeia Católica cujas raízes remetem a uma comunidade religiosa presente na cidade em que nasceu desde o século V.

Foi ordenado sacerdote em 01 de junho de 1974, pela Arquieparquia Caldeia de Mosul, desenvolvendo um trabalho bastante frutuoso. Antes de ser sagrado Bispo, Sako solicitou audiência com Saddam Hussein, depois que o então governo iraquiano havia recusado permitir que ele ensinasse educação religiosa. Saddam lhe recusou o pedido, mas ao invés de desistir, Louis Sako conseguiu doutorar-se, tendo após isso, obtido sua licença de professor, sendo autorizado pelo governo a lecionar Ensino Religioso.

Em 24 de outubro de 2002, foi escolhido pelo Sínodo dos Bispos Caldeus para ser ordenado Bispo. Após sua confirmação, foi sagrado Bispo em 14 de novembro de 2003, como Arquieparca de Kirkuk (Iraque). Em reconhecimento por suas atividades apostólicas, recebeu em 2008 o "Prêmio Defensor Fidei". Mar Louis R, Sako permaneceu como Arquieparca de Kirkuk por uma década. Por sua luta em prol da paz e da convivência pacífica em meio às comunidades muçulmanas, assim como por seu pastoreio em meio às perseguições e violências, recebeu o prêmio internacional "Pax Christi", em 2010.

O Sínodo dos Bispos da Igreja Caldeia Católica, convocado em Roma em 28 de janeiro de 2013, elegeu-o para suceder a Mar Emmanuel III Delly como o novo Patriarca de Babilônia dos Caldeus. Ele resolveu manter seu nome de batismo, sendo portanto designado como Sua Beatitude Louis Raphaël I Sako.

Em 01 de fevereiro de 2013, o Santo Padre Papa Bento XVI lhe concedeu a Ecclesiastica Communio (comunhão eclesiástica), que os Patriarcas e líderes das Igrejas Orientais Católicas (sui juris) procuram com o sucessor de Pedro e a Igreja Católica de modo geral. Sua Beatitude é conhecido pela erudição (fala neo-aramaico caldeu, árabe, alemão, francês, italiano e inglês) e pelo espírito conciliador, embora firme (emitiu condenações aos ataques e perseguições por parte dos muçulmanos jihadistas aos cristãos em geral), assim como teceu duras críticas às autoridades muçulmanas por sua postura omissa em não condenar as perseguições.



Um ponto "negativo" que consideramos em sua Beatitude Louis Raphaël I Sako é sua postura "aberta" que, embora louvável nos âmbito das relações com outras confissões e na proteção e defesa dos cristãos no oriente, as vezes tende a não valorizar certas tradições, ou melhor dizendo, entendê-las como possíveis obstáculos ou empecilhos que possam afastar os leigos e pessoas "não assírias-caldeias" da Igreja. Como exemplo, citamos sua decisão de não usar mais o tradicional "Shash", espécie de chapéu em formato de turbante e que por séculos é um símbolo tradicional dos Patriarcas e Bispos Assírios e Caldeus (sua beatitude o vê como um símbolo demasiado "clerical" que o "distanciaria do povo").

Aqui vemos seu antecessor, Patriarca Emmanuel III Karin Cardeal Delly, usando o Shash

Em novembro de 1994, o Santo Padre Papa João Paulo II e Mar Dinkha IV, então patriarca da Igreja Assíria do Oriente, assinaram uma Declaração Cristológica comum, em que se afirmava que ambas Igrejas professam a mesma doutrina sobre Nosso Senhor Jesus Cristo e que, portanto, o que os afastou por mais de mil anos teria sido uma divergência e imprecisão de termos.

Em contrapartida ao que falamos há pouco, partiu de Sua Beatitude Louis Raphaêl I Sako uma iniciativa extremamente louvável e sem precedentes na história recente. O Patriarca de Babilônia dos Caldeus propôs a "fusão" da Igreja Caldeia Católica com a Igreja Assíria do Oriente e a Igreja Antiga do Oriente (fruto de um cisma ocorrido em 1968 na Igreja Assíria do Oriente). Desta fusão passaria a existir uma única "Igreja do Oriente" unida a Roma e ao Papa, portanto plenamente católica. Sua proposta envolvia a sua própria renúncia e a de Mar Addai II, patriarca da Igreja Antiga do Oriente (neste momento o Patriarcado da Igreja Assíria do Oriente estava vago, após a morte de Mar Dinkha IV). Sua proposta, portanto, era que - com a renúncia de ambos - fosse reunido um sínodo com todos os bispos das três igrejas e se elegesse um novo Patriarca do Oriente. Infelizmente, essa bendita proposta foi frustrada quando a Igreja Assíria do Oriente elegeu seu novo Patriarca, instalado em 27 de setembro de 2015.

Patriarca dos Católicos Caldeus Louis Raphaël I  Cardeal Sako, com o Patriarca da Igreja Assíria do Oriente, Gewargis III

Em 28 de junho de 2018, Sua Beatitude Louis Raphaël I Sako foi criado Cardeal em um consistório, pelo Papa Francisco.


ORGANIZAÇÃO DA IGREJA CALDEIA CATÓLICA


Patriarca Louis Raphaël I Sako com Bispos Caldeus

O atual Patriarca dos Católicos Caldeus, Sua Beatitude Louis Raphaël I Sako, preside o Patriarcado de Babilônia, cuja sede é a Catedral de Maria Mãe das Dores, na capital do Iraque, Bagdá.




Catedral Católica Caldeia de Nossa Senhora das Dores, Bagdá - Iraque
Sede do Patriarcado de Babilônia dos Caldeus
Catedral Católica Caldeia de Nossa Senhora das Dores, Bagdá - Iraque
Sede do Patriarcado de Babilônia dos Caldeus


Patriarcado de Babilônia dos Caldeus - Bagdá - Iraque
Catedral Católica Caldeia de Nossa Senhora das Dores, Bagdá - Iraque
Sede do Patriarcado de Babilônia dos Caldeus


Catedral Católica Caldeia de Nossa Senhora das Dores, Bagdá - Iraque
Sede do Patriarcado de Babilônia dos Caldeus


Catedral Católica Caldeia de Nossa Senhora das Dores, Bagdá - Iraque
Sede do Patriarcado de Babilônia dos Caldeus

Sua Beatitude Louis Raphaël I Sako lidera espiritualmente toda a Comunidade Caldeia Católica ao redor do mundo. A comunidade também inclui:

- A Arquieparquia Metropolitana de Bagdá.

- A Arquieparquia Metropolitana de Kirkuk.

- A Arquieparquia Metropolitana de Teerã.

- A Arquieparquia Metropolitana de Urmya.

A Arquieparquia de Ahwaz.

A Arquieparquia de Basra.

A Arquieparquia de Diyarbakir.

A Arquieparquia de Erbil.

A Arquieparquia de Mosul.

A Eparquia de Alepo.

A Eparquia de Alkosh.

A Eparquia de Amadia.

A Eparquia de Akra.

A Eparquia de Beirute.

A Eparquia de Cairo.

A Eparquia de São Pedro Apóstolo, de San Diego.

A Eparquia de São Tomé Apóstolo, de Detroit.

A Eparquia de Católica Caldeia de Mar Addai, de Toronto.

A Eparquia de São Tomé Apóstolo, de Sidney.

A Eparquia de Salmas.

A Eparquia de Sulaimaniya.

A Eparquia de Zaku.

Territórios dependentes do Patriarcado: Jerusalém e Jordânia.



Além disso, a Igreja Caldeia Católica conta com centenas de paróquias e comunidades espalhadas pelo mundo, principalmente em outros países do oriente (Turquia, Palestina, Irã) assim como em países da Europa. Por não haver grande concentração de Católicos Caldeus alguns lugares específicos, formando pequenas comunidades dispersas, estas encontram-se sob jurisdição direta do Patriarcado ou então sob responsabilidade das Dioceses latinas onde estão inseridas.


A LITURGIA CALDEIA CATÓLICA 





A Igreja Caldeia Católica utiliza o Rito Caldeu, também chamado Rito Siríaco Oriental. O Rito Caldeu está enraizado na antiga tradição da Igreja do Oriente, e seu início remeteria aos Discípulos do Senhor, Addai e Mari, embora também lhe seja atribuída uma origem comum na Liturgia de São Tiago (Rito de Jerusalém-Antioquia).




Segue assim uma tradição litúrgica semelhante a outra Igreja Católica Oriental que usa o Rito Siríaco Oriental: a Igreja Católica Siro-Malabar, da Índia, embora esta última tenha particularidades no Rito que lhe são próprias.



Uma ligeira reforma na Liturgia entrou em vigor desde 6 de janeiro de 2007, tendo como objetivo unificar os muitos usos diferentes encontrados nas diversas regiões onde a Igreja Caldeia Católica se faz presente, além de remover certas adições (algumas centenárias) que demonstravam apenas uma "latinização" do Rito, além de algumas adaptações de razão pastoral.




Visita do Santo Padre, Papa Francisco, à Catedral Caldeia Católica na Georgia (setembro de 2016)







Esperamos que com este simples artigo, possamos - de alguma forma - contribuir para que mais e mais católicos conheçam e amem as riquezas do Oriente Católico, o lado oriental da Santa Igreja Católica.

Viva a Igreja Caldeia! Viva a Igreja Católica!