O RITO COPTA celebrado pelo Patriarca Copta Católico Ibrahim Isaac Sidrak na Catedral Copta Católica de Alexandria |
O RITO COPTA (ou Alexandrino) é um dos chamados Ritos Apostólicos da Igreja, tendo sua origem e difusão a partir da antiga Sé Patriarcal de Alexandria, cujo fundador e primeiro Bispo - segundo a tradição - teria sido São Marcos, autor de um dos 4 Evangelhos.
Alexandria, localizada no litoral do Egito, é uma cidade milenar e de suma importância para o oriente, tendo permanecido como capital do Egito por mais de 1000 anos. Foi fundada por Alexandre, o Grande, após ter vencido o Rei Persa Dário III - que até então dominava o Egito - em 332 a.C. Os egípcios, oprimidos sob o domínio persa, aceitaram Alexandre e o aclamaram como "libertador". No ano seguinte à conquista de Alexandre, em 331 foi fundada sobre um antigo povoado de pescadores, recebendo o nome Alexandria em homenagem ao "libertador do Egito".
A cidade cresceu e se desenvolveu, sobretudo, devido à importância que adquiriu, assim como pela localização privilegiada, abrigando em seu território o grande porto que passou a ser ponto de encontro entre o Oriente, Europa, África e Ásia. Centro de cultura, abrigava várias colônias gregas (os gregos não eram considerados estrangeiros), portanto, combinava à cultura egípcia outras diversas influências culturais, sobretudo da cultura helênica.
O Evangelista São Marcos prega em Alexandria |
Acredita-se que o Evangelista São Marcos tenha sido o grande responsável pela introdução da Fé Cristã em Alexandria, organizando a igreja dessa grande metrópole, entre os anos 43 e 68. Sendo assim, a Sé de Alexandria teve a São Marcos Evangelista como seu patriarca e primeiro bispo, o que se deu até seu martírio nessa cidade em 25 de abril de 68.
A base ou estrutura central do Rito Alexandrino fundamentar-se-ia na Liturgia celebrada pelo próprio Evangelista quando esteve à frente da Sé de Alexandria. Seu desenvolvimento subsequente contaria com elementos das liturgias de São Basílio, São Cirilo de Alexandria e São Gregório Nazianzeno. A Cerimônia de São Cirilo, inclusive, é entendida como uma tradução copta da liturgia de São Marcos, que era em grego.
O RITO COPTA
Com o passar do tempo, por volta do século III, o termo copta passou aos poucos a deixar de significar "egípcio" para significar, mais especificamente, "cristão egípcio". Esse significado tornou-se definitivo com a invasão árabe e sua conquista do Egito, no século VII. Com a chegada e imposição da nova religião islâmica, o termo copta passou, definitivamente, a referir-se aos egípcios cristãos.
Atualmente, 3 são as igrejas "sui juris", - portanto Católicas - que mantêm uma Liturgia fundamentada no Rito Copta Alexandrino. São elas:
- A IGREJA COPTA CATÓLICA, que utiliza o Rito Copta conforme aqui apresentado.
- A IGREJA CATÓLICA ETÍOPE: Utiliza o Rito Copta, embora com alguma pequenas variações, tais como algumas orações inseridas posteriormente e, sobretudo, pela língua litúrgica: enquanto a Igreja Copta Católica utiliza-se a língua copta, na Igreja Católica Etíope utiliza-se a Língua Ge'ez, uma língua própria da região da Etiópia, Eritreia e "chifre da África" e que caiu em desuso há vários séculos. A Igreja Católica Etíope a mantém como língua litúrgica.
- A IGREJA CATÓLICA ERITREIA, que também utiliza o Rito Copta conforme a Igreja Católica Etíope (com pequenas variações e em língua Ge'ez).
A Divina Liturgia Copta
- A primeira é a chamada Liturgia de São Cirilo de Alexandria, e é a genuína do Rito Copta. É a mais antiga, em realidade, uma tradução ao copta feita por São Cirilo da Liturgia de São Marcos Evangelista, que estaria em grego. Executa-se somente uma vez ao ano, na sexta-feira que antecede ao Domingo de Ramos.
- A segunda é a chamada Liturgia de São Gregório Nazianzeno; tem um caráter tipicamente Siro-Antioqueno e é uma tradução do grego. É celebrada 3 vezes ao ano: No Natal, na Epifania e na Páscoa.
- A terceira é a modalidade de Missa que leva o nome de São Basílio; trata-se de um rito mais abreviado da Missa com exatamente o mesmo nome que o dos bizantinos, se bem que não tão solene e cerimonioso. Celebra-se ordinariamente, com exceção das Festas Litúrgicas mencionadas.
Costuma ser antecedida pela recitação do Ofício Divino; terminado este, o sacerdote entra no "santuário", espaço que para os latinos equivale ao presbitério; já revestido com os paramentos sagrados, começa as orações de preparação e faz o sinal da cruz sobre os 3 pães que deverão servir para o Sacrifício (um dentre os três será o escolhido). Escolhe um, destinado para a Consagração, o beija e o põe sobre um pedaço de seda. Lava as mãos, incensa o altar e recita a oração sobre o pão. Em seguida, despeja no cálice o vinho com um pouco de água; o pão e o vinho são cobertos com um véu próprio, enquanto as ofertas são cobertas com um véu geral.
Após uma breve oração, o sacerdote sai do presbitério, se ajoelha diante dos fiéis e faz sua confissão, algo como o "Confiteor" do Rito Romano. Após isso retorna ao altar e incensa as ofertas. Prossegue a cerimônia com a leitura da Epístola, realizada por um clérigo inferior (diácono ou leitor), primeiro em copta e depois em árabe (em igrejas na diáspora é feita na língua vernácula, por exemplo, nos EUA, após a leitura em copta, é feita em inglês). Depois há a leitura do martirológio, o triságio ("Ó Deus Santo, Deus Forte, Deus Imortal, tende piedade de nós"), o Pai-Nosso e o Evangelho. Este é cantado, no ambão, pelo próprio Sacerdote em copta e árabe (ou vernácula, conforme exemplo da Epístola);
Durante a execução do que foi descrito, o diácono incensa o Santo Evangelho, enquanto os fiéis escutam sua proclamação em pé, com a cabeça levemente inclinada em sinal de respeito à Palavra de Deus; Ao concluir sua proclamação, o sacerdote o beija e se dirige ao altar. Segue-se uma longa oração pela Igreja, depois a recitação do Credo e um terceiro "lavabo" (o sacerdote novamente purifica as mãos).
O Patriarca Copta Católico Ibrahim Isaac Sidrak incensa o Altar em preparação para o Santo Sacrifício |
São retirados os véus da oferta e é dado início à recitação da Anáfora da Missa (o "Canon" para os latinos), com uma característica bem particular: tem 2 epicleses (invocação do Espírito Santo sobre as ofertas): uma antes e outra após a Consagração. As palavras da Consagração são pronunciadas sempre em voz alta e, após a segunda epiclese, o povo proclama sua fé no mistério eucarístico com uma oração.
A Divina Liturgia Copta sendo celebrada numa Catedral Latina (de Rito Romano) Belo sinal que nos recorda a Catolicidade da Igreja |
O sacerdote então percorre a Igreja com a Ostia em mãos, detendo-se diante dos enfermos (caso haja) e rogando por sua recuperação. Voltando ao altar, divide o Pão em 2 partes; De uma delas separa um pedaço, que eleva diante dos fiéis enquanto diz em grego "O Santo para os santos" ; Então, o deixa cair dentro do cálice;
Primeiro sacerdote e diácono e em seguida fiéis, comungam sob as duas espécies. Ao retornar ao altar, o sacerdote purifica os vasos sagrados e em seguida dá a saudação de despedida. Ao terminar, distribui o pão bento aos fiéis para que possam levá-lo para casa. No caso, tratam-se dos 2 pães que ficaram sem consagrar, mas que mesmo assim foram dedicados a Deus no início do Santo Sacrifício.
Em algumas ocasiões, costuma-se usar uma espécie de colher para
distribuir o Sangue de Cristo na Comunhão. O Pão do Sacrifício deve ser preparado com extremo cuidado e dia mesmo em que se celebrará o Sacrifício. Chama-se Corban, é fermentado e de uma espessura de pouco mais de um dedo, aproximadamente. Em sua parte superior, são feitas treze cruzes em alto-relevo, para representar - a do centro - Nosso Senhor Jesus Cristo - e as demais - os doze Apóstolos. O sacerdote costuma tomar para si a parte central, enquanto as demais são distribuídas entre os fiéis.
Abaixo, um vídeo onde podemos ver a procissão de entrada do sacerdote. Como pode ser observado, uma outra característica própria da Liturgia Copta é que os hinos cantados durante a Divina Liturgia são sempre acompanhados de um "timbrar" de pequenos pratos metálicos (não sei ao certo como se chamam), o que confere um certo ritmo às canções sagradas, no entanto, sem lhe retirar a sacralidade. O vídeo é amador, mas mesmo assim serve para nos dar uma ideia da atmosfera sagrada que é propiciada pelo Rito Copta.
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Esperamos que com este pequeno artigo tenhamos conseguido apresentar um pouco mais da Riqueza da Igreja Católica em seu tesouro oriental, neste caso, com o Rito Copta.
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